terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O Xi bom bom do oprimido

Dizia a música: “Analisando essa cadeia hereditária,quero me livrar desta situação precária,que o rico cada vez fica mais rico,e o pobre cada vez fica mais pobre,e o motivo todo mundo já conhece;é o que de cima sobe,e o debaixo desce.” Em seguida o refrão-chiclete : “Bom xibom xibom bom bom” sendo repetida incessantemente em meio a melodias de instrumentos de sopro,coisa típica do axé music baiano que faz sucesso principalmente no verão brasileiro.
E ao invés de que com essa letra gerasse no povo um sentimento de revolta contra as demasiadas desigualdades sociais presentes em países que sofrem do chamado capitalismo selvagem,a música se tornou símbolo máximo da passividade e alienação que são características do receptivo e amável povo brasileiro.
Dificilmente as músicas ditas de protesto ou que tratam da causa social são alcançadas pela grande massa.Medida dos poderosos midiáticos para não atiçar o povo em revolta.E assim promovem músicas dançantes de baixa qualidade que juntamente com o futebol e o assistencialismo,forma um belo espetáculo do ‘pão e circo’ romano.
A censura da ditadura continuou, está velada,o que pode ser ainda mais perigosa.O antigo grupo de Marcelo D2 e B-Negão,o Planet Hemp,foi todo preso em Brasília no final dos anos 90 por usar da liberdade de expressão,contida na constituição.Hoje D2,continua a falar da liberação da maconha,mas em poucos versos,e sendo bem menos agressivo.Hoje vai ao Faustão e mistura seu rap com o samba,formando uma levada bem gostosa e agradável.Mas hoje D2 não tem mais o caráter revolucionário que tinha tempos atrás,quando era censurado.Os Racionais Mc’s com suas letras extremamente politizadas são completamente alijados desse lucrativo processo de propagação da arte pelos donos das melhores gravadoras.O sistema não quer que a população acorde do sonífero político aplicado,e assim faz uma lavagem cerebral no povo que pode estar se sacudindo de felicidade no momento,mas a partir das imediações desse show de axé,está sendo massacrado por uma política pública elitista e de péssima qualidade.
É segregação de um lado e de outro,artistas de grandessíssima qualidade como Hermeto Pascoal e Guinga também são prejudicados pela indústria fonográfica,que faz questão de vender à grande massa um produto de baixa qualidade,que não faça pensar bastante,tanto musical quanto politicamente.
E dançamos todos essa dança,sempre conduzida pelo alienante sistema capitalista.


E ninguém ligou para o restante da letra,só para o refrão. Todos dançaram o “Bom xibom xibom bom bom” inclusive eu.

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